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Em nome de deus

Olho para o menino no sinal vendendo balas,
Desviando de carros e motos,
Enquanto um grupo de adultos observa tudo.

Uma criança que não é criança,
Porque não é possível ser criança sem infância.

Tudo que esse menino conhece é violento:
A infância e a educação roubadas,
O trabalho obrigatório a mando dos pais.

Tudo! Absolutamente tudo!

E vem um sujeito falar comigo de meritocracia,
De quanto a educação pode ajudar na mobilidade social…
Coisas eruditas, coisas bonitas,
Mas o menino continua no sinal.

Compro uma bala por via das dúvidas,
Mas logo sou acusado de “alimentar a pobreza”,
Que os tais cheios de mérito fazem questão
De manter longe de seus olhos.
Afinal de contas, o que não é visto,
Não existe.

E agora, já passou a eleição,
E o mundo continua um mundo cão.

Pobreza no cu do pobre é refresco!
E a massa conservadora vocifera:
Eu fui escolhido por Deus,
E este menino, não.

Que tipo de deus filho da puta é esse, então?