No teu último pensamento
Nas costuras da fronha do teu travesseiro
Nas dobras do lençol que não rimam com teu corpo
Nas pernas que se movem sem saber para onde ir
É aí que estou.
Porque o dia pode passar sem mim
As risadas podem disfarçar a minha ausência
O trabalho pode abafar as nossas indecências
A música alta pode abafar os gritos da tua alma
Mas é aí que estou.
E não estou aí porque pedi
Não estou aí porque quero
Estou porque me queres
Porque tuas lembranças te inundam
E deixam marcas indeléveis nas tuas coxas.
Estou aí.
No mosaico de pensamentos conflitantes
Na busca interminável e arfante
Por uma droga que possa aplacar
O fogo que dança no meio do teu peito
E que se renova em tuas fugas incessantes.
Estou aí
Continuo aí
Nos teus gozos
Nas tuas cicatrizes
Não obstante.
