A culpa é dele, digo eu, juiz absoluto da verdade.
Não há possível falha minha, e se há, não posso suportá-la.
Aceitar a falha seria aceitar que não sou tudo que imagino ser, e um vazio absoluto tomaria conta de mim.
E assim sendo, precisaria me reconhecer para de fato me conhecer, para aceitar que sou protagonista da minha própria história, da minha própria vida.
Mas prefiro continuar encenando a peça onde o erro mora do lado de fora, onde eu sou injustiçado, sempre injustiçado, sempre vítima. Onde o diabo são os outros.
A minha fraqueza não se esconde de olhos mais atentos, e este é o meu maior medo: ser descoberto e me ver obrigado a confessar para mim mesmo que não sou inocente.





