Fui comprar um queijo bem curado,
E o vendedor me disse: “Foram 6 anos.”
Retruquei assustado: “De cura?”
E ele me disse: “Não, de terapia”.

Fui comprar um queijo bem curado,
E o vendedor me disse: “Foram 6 anos.”
Retruquei assustado: “De cura?”
E ele me disse: “Não, de terapia”.

Queria tuas mãos nos meus cabelos, porque tuas mãos me curam.
Assim também queria as tuas mãos nas minhas costas, porque me seguram.
A vida não é fácil. Não tem sido fácil. E como homem me sinto na obrigação de dizer que está tudo bem.
Mas sabe, amor, nem sempre é assim. Há dias ensolarados, mas também há dias de dor sem fim.
Quando vejo um bem-te-vi, a sensação que tenho é que Deus está me vendo, e sorrio para as possibilidades Dele estar olhando para mim.
Mas sabe, amor, quando te vejo, nos nossos abraços, cafunés e beijos, é aí que mais sinto Deus em mim. Teus toques e bem-te-vis.
Obrigado pelo que nem sabes que fazes. És, como os bem-te-vis, Deus em mim.

Aos poucos, minhas asas estão cicatrizado, e em breve poderei voar.

Da mesma forma que há pessoas que nos machucam, há pessoas que nos curam. E essas pessoas que nos curam não precisam fazer nada de especial. Basta que fiquem por perto.

Já não carrego mais lembranças
Levo comigo os esquecimentos
Que insistem em dar seus ares
Vez ou outra
Ressignifiquei momentos
Bati prosas com o espelho
Guardei meu nariz vermelho
Fugi do circo
Ainda carrego certa culpa
De ter gasto tanto tempo
Admitindo o inadmissível
Vivendo a vida sem viver
Mas agora, vida afora
Vida aflora dos cacos de outrora
Aos poucos me reconstruindo
E meu restaurador tudo pode:
Ele é Deus.

Há tanto
Um grande tanto
Ferido
Que vive pelos cantos
Escondido
Há sorrisos em prantos
Há o que se ignora
Mas que de fato ainda existe
Sob as máscaras do agora
Há o que foi dito
O que precisa ser dito
O inaudito
A fuga e a negação
Do conflito
E há o tempo que passa
Cadenciado
Desapercebido
E que mantém incólume
Essa eterna ode
Que toca no coração que bate
Retumbantemente aflito.

Fármaco poderoso
Cura qualquer indisposição
Use sem nenhuma moderação.

De joelhos
Minha fraqueza
Meu cansaço
Eu confesso
E rogo por perdão
Do amor em mim
Sempre manifesto
E que agora
Faz tremer
Meu coração
Que deságua
Em sangue
De meus olhos
Funestos
Eis-me aqui
Ao léo
Diante deste
Tenebroso
E assombroso
Céu
Firmamento?
Puro tormento
Cilício da alma
Cruz do que sou
Não há nada
Por inteiro
Todo sangue
De mim
Já jorrou
E que essa dor
Seja cura
Para meu corpo
Ante a súplica
Que dessa carcaça
Emudecida
E apodrecida
Ainda ferozmente
Urra
E que o amor –
Ora carrasco
Ora salvador –
Purifique a alma
E traga-me a calma
Para acreditar
Ser concebível
Ainda que impossível
Amar sem sentir
Ou sem ser
Pura
E infinita
Dor.
