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Domingo de inverno

Domingo eu te quero

Domingo eu te tenho

Domingo eu te pego

Domingo não me contenho.

.

Domingo eu te rio

Domingo de ti rios

Domingo de Niterói

Domingo de nós.

.

Domingo

Sempre domingo.

Com mais idade,

Jogaremos bingo.

Mas por ora

No aqui e no agora –

Sem demora –

Existimos e resistimos

Em mais um delicioso domingo.

Niterói/RJ – Brasil

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Faz de conta que é domingo

Faz de conta que é domingo –

E eu sei que hoje é domingo –

Mas faz de conta que é daqueles domingos

Em que a presença não dava espaço para a saudade

E quando as mínimas coisas eram o máximo.

.

Faz de conta que é domingo –

E eu sei que hoje é domingo –

Mas faz de conta que caminhamos na praia

Que tomamos água de coco

E que compramos o pouco que nos faltava.

.

Faz de conta que é domingo –

E eu sei que hoje é domingo –

Mas faz de conta que conversamos sem pressa

A garrafa de vinho aberta

Festa em nossos corações.

.

Faz de conta que é domingo –

E eu sei que hoje é domingo –

Mas faz de conta que vimos o jogo juntos

Que tomamos café e comemos bolo

Falando inglês e explodindo em risadas abertas.

.

Faz de conta que é domingo –

E eu sei que hoje é domingo –

Assim como sei que eu te amo.

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Nos domingos

Nos domingos, as cores são outras.

O verde é da Heineken e da salada com folhas para lá de frescas (com tomate cereja, por favor).

O amarelo é da batata frita, da farofa.

O branco é do arroz (que eu não como, mas que não pode faltar).

O rosa é da carne mal passada, quase ao ponto (ao ponto de alguém reclamar que está “crua”).

O preto é do carvão, que aquece e acolhe, que traz vida.

Mas o vermelho… Este é de paixão, do amor, do desejo, dos sonhos e dos beijos, da vida, do hoje, do ontem e do amanhã.

Um brinde aos domingos!

Nos domingos, além da carne, o fogo a alma queima.

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Aos domingos

Prometa estar comigo aos domingos.

Só aos domingos.

Todos os domingos.

Prometa que antes do primeiro raio de sol –

E muito depois do último! –

Tu estarás a meu lado

Corpo colado

Mão com mão.

Porque não há domingos sem ti

E hoje é só mais um domingo…

E domingos tem o cheiro das tuas coxas,

E este cheiro permeia, encanta e semeia

Nas minhas bochechas e no céu da tua boca,

De domingo a domingo.

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Mais um domingo

Mais um domingo.

Mais protetor solar.

Mais uma caminhada na praia.

Mais uma água de coco.

Mais uma roda de amigos.

Mais uma cerveja gelada.

Mais uma empada de camarão.

Mais risadas.

Mais um café.

Mais um bombom de chocolate.

Mais doçura.

Mais fé.

Mais gratidão.

Mais um domingo –

E é tão bom estar vivo! –

Se Deus quiser,

Outros tantos domingos virão.

Ilha da Boa Viagem – Niterói/RJ
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Erva-doce

O cheiro da broa de milho
O café sem pressa
Os vizinhos sempre bem-vindos
Era assim quando eu era menino
E acreditava em coisas à beça

O café agora é espresso
Os vizinhos? Desconheço
A porta da rua sempre trancada
A broa de milho é da padaria
E a violência é a notícia do dia

Saudades da época em que eu achava
Que tinha tempo a perder
Do avô, da avó, dos tios, dos primos
Da sensação de não correr perigo
De ver no mundo um grande e acolhedor amigo

E nesse instante –
Agora! –
Enquanto meus pensamentos vão
Para um passado distante
O tempo parou de seguir adiante
E para mim voltou

É que eu ainda sou o menino
Que se inebria
Quando sente o cheio de erva-doce
E que queria que a vida fosse
Sempre uma tarde de domingo.

dill
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E era só domingo

E tanta coisa aconteceu…

Entre nós, nada de novo:
Não nos falamos
Nos ignoramos
Não existimos
Diante de nós mesmos
Diante dos outros
Oficialmente não somos nem alguéns

Mas não há nada mais oficial
Do que o que dói sem título
Do que é cicatriz sempre aberta
Do que é sangue morto-vivo
Do que é lacuna nunca cheia
Do que é enchente vazia
Repleta do que não se pode sorver

Talvez, um dia talvez
Mudem o nome da tua rua
Da nossa rua
Mudem a rota daquele ônibus
Mudem a cor daquele muro
Mudem aquela árvore de lugar
Cubram os trilhos do bonde
Cubram os antigos paralelepípedos
Mas nada jamais irá mudar
Queiramos ou não
Aquele domingo

E era só domingo…

E tudo isso aconteceu.

niteroi-bonde-rua-visc-rio-branco-1963-02