Avatar de Desconhecido

Em nós

Lembro de tudo:

Do adeus mudo

Do argumento surdo

Do pedido

“Fica…”

Porque sem ti

Não tenho para onde ir

E nem para onde voltar.

.

Até hoje

Nas noites mais escuras

Onde o travesseiro é clausura

Ouço teus passos

Sinto teu peso a meu lado

Invisível corpo –

Estupenda alma –

Que pesa a meu lado

Em meu colchão.

.

Pedi a Deus

Que me desse o amor –

Não um qualquer amor –

E Deus me levou

De encontro a ti.

.

Pedi a Deus

Que me desse sentido

E eu fui ouvido

No teu “eu te amo”

No teu “adeus”

Que me deixou sem mim.

.

Mas ainda há de chegar

A primavera

E as poesias do

“Quem me dera”

Se transformarão

Em preces de gratidão

Pelo adeus que em mim

Nunca foi

Nunca partiu.

.

E tudo isso

Será para nós alicerce –

Inequívoca prece –

Do que sempre fomos

E de tudo que ainda somos

No porvir.

.

De ti

Nunca me esqueci

E sei que em ti

Há um pedaço de mim.

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Previsão sem tempo

Olhei no fundo de seus olhos –

Olhos que ela me escondia –

E emiti um alerta.

Estado de atenção:

Lágrimas fortes previstas

Para hoje ou para daqui a 3 anos.

Em algum momento,

Será necessário sentir.

Em algum momento,

Será necessário viver.

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Plágio

Tu que és luz da minha luz

Que de mim tudo traduz

Diga-me o que fazer

Com estes versos que nunca escrevi.

Tenho medo da rima que não encontro

Do que já disseram antes de eu ter dito

Fico aflito:

Serão os versos infinitos

Ou é um plágio tudo que sinto?

Sinto que parece ser tudo único

Mas há alguém que já tenha escrito

Sem sentir o mesmo?

Ou será que sou plágio de mim mesmo

Viciado em teu beijo

E só sei falar disso?

Tu que és luz da minha luz

Me traduza em poesias

Pelos teus próprios dedos.

Só assim acreditarei em meus versos

Ainda que todos estes sejam teus.

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Sentindo

No que pensar

Do que falar

Quando tudo ao redor

Parece não ter sentido,

Ainda que tenha sido sentido?

LOUCURA – de Natalicio Borges Jr
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Todo santo dia

Também eu sei falar de coisas tristes,
De tudo de ruim que me aconteceu,
Das dores que me perseguiram inclementes,
Das saudades absurdas que me gelaram o peito,
Das vozes que, delirante, fingi que ouvi,
Das noites em claro e da sensação de quase morte,
Dos fins de tarde que pareciam o fim do mundo,
Do Apocalipse que comia e regurgitava minhas vísceras.

Ninguém por perto.

Medo diserto.

Respirar funesto.

Desenredo decerto.

Até que me dei conta
De que nunca me eximi,
Ou mesmo tentei fugir,
Das catástrofes que a mim –
E em mim –
Cabiam:
Tentar esquecer
Era, pois, a forma mais dissimulada
De me lembrar,
Todo santo dia,
De tudo que ainda me habitava
E de tudo que já me foi tudo um dia.

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Invariavelmente

E no final,

O rastilho falhou.

Dizem que foi obra

De Nosso Senhor

E disso eu não duvido.

Nada explodiu,

Ninguém morreu –

Doeu, mas já passou –

Que fim tudo levou?

Eu não sei

E só quando sei

É que digo.

Talvez haja explicação –

Talvez não –

Mas se esta existe,

Não está de bem comigo.

Vou ser mesmo é trovador

E falar por aí do amor,

Daqueles que ninguém

Nunca sentiu

Ou nem mesmo falou,

E que toda noite,

Invariavelmente,

Dorme comigo

E serve-me de abrigo.

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Hermético

A arte não pode ser silenciada,

Porque o amor urge e grita,

E a vida,

Tão passageira e efêmera

Quanto parece ser,

Está sempre em chamas.

O que eu nego que me aconteça,

Ainda assim não deixa de me acontecer.

E o que eu sinto –

E que só eu sei que verdadeiramente sinto,

Quer seja por anos ou instantes –

Está além de censura

E de toda e qualquer opinião.

Eu existo.

Parece-me o bastante.

Resta me tudo, então:

Apenas viver.

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À mercê do mar

Diga-me, mar,
O que fazer
Com estas ondas de felicidade que me banham,
Que não sei se são pura ressaca
Ou se é assim que agora hão de ser.

Diga-me, mar,
Se do amor já é chegado o tempo,
Para em tuas águas recomeçar
Rumo ao destino por mim desejado,
A mercê do poder e da força dos teus ventos.

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Eu te recomendo

Apesar de a gente não ter dado certo, eu te daria uma carta de recomendação sem pensar duas vezes.

Você foi meu sangue e minha alma, meu amor e minha vida, e foi por tanto tempo…

Como não falar bem de uma das melhores coisas que já me aconteceram?

E não, isso não quer dizer que não mais te amo. Pelo contrário. Quer dizer apenas que te quero feliz, feliz como eu sempre te quis, quando você estava do meu lado. Amar não é isso?

Eu te amo de alguma forma. Em algum tempo e em algum espaço ou lugar. Eu não seria quem eu sou sem você. Eu não seria o que eu sou sem o que nós fomos.

Eu te amo. Saiba disso. Lembre-se sempre disso. É uma verdade eterna e inabalável, inquebrável. Você não é algo do qual eu queira me desfazer. Eu me lembro de você. Eu me lembro de nós. Eu me lembro de tudo. Você não é algo que eu queira ou precise esquecer.

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Ademais

Quando olho para meu passado
Percebo os momentos exatos
Em que fiz demais
Tentei demais
Falei demais
Demais…

Não mais!

Porque quem eu era
Já não mais sou
Mas ainda sou
E ainda sinto
Sinto muito
Ademais.