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Abusado e insolente

Teu segredo

Se revelou de forma veemente

Quando gritou o teu coração

E tentou ignora-lo a tua mente

 

Não seria de mais valor

Ou talvez mais prudente

Deixares de fingir que é dor

O amor que deveras sente?

 

Ah! O amor…

Essa coisa insistente

Que não pede por favor

E que torna o completo carente!

 

Ah! O amor…

Do qual tu foges bravamente

Mesmo sabendo que não há vida

Quando parte de ti está ausente

 

Ah! O amor…

Não, não estás doente

Já que és tão racional

Que reconheças: estás impotente!

 

Ah! O amor…

Que te rendas a este insistente

Que subjuga-te a seus caprichos

Não se trata de mero acidente

 

E que fique claro que sua existência

Não depende do teu aceite

O amor é o amor

Abusado e insolente.

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Cabelos brancos

A senhora esperava os carros pararem

Para que ela pudesse atravessar a rua.

Tantos carros –

Muitos carros! –

Nenhum deles a sentia.

A pressa deixava todos cegos.

Cegos que viam cabelos brancos,

Dificuldades nos movimentos,

E anos e mais anos e mais anos.

E a senhora ali,

Desnorteada,

Diante da ingratidão do mundo

Que ela mesma ajudou a construir.

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O bem aquece a vida

No Centro de Niterói/RJ, durante a década de 1970, meu avô saía de casa aflito todas as vezes que chovia e ventava muito forte. Ele saía com uma caixa de papelão nas mãos, e um dia me chamou para ir com ele (para o desespero da minha mãe, pois eu era muito novo).

Fomos em direção à casa que abrigava a prefeitura na época, que era completamente cercada por árvores enormes. Diante delas, vi meu avô se abaixando e recolhendo o que pareciam ser pequenos frutos das árvores. Não eram. Eram pequenos pardais desfalecidos por conta da tempestade.

Então, já com a caixa cheia dos pequenos pássaros, meu avô voltou para casa, cobriu a caixa com um cobertor e a colocou no forno, em temperatura bem baixa e com a porta aberta. Instantes depois, meu avô retirou a caixa do forno e eu comecei a ouvir inúmeros e intensos piados. Quando a chuva passou, meu avô retirou o cobertor de cima da caixa, bem perto da janela da cozinha, e dezenas de passarinhos fortes e aquecidos, voaram pela janela em direção ao infinito, em direção à vida.

Aprendi ali com meu avô, bem cedo, que mesmo sem que um pardal lembrasse do meu avô ou se mostrasse minimamente grato a ele, o prazer de ver os pardais voltarem a voar significava para ele absolutamente tudo. Ele praticava o bem e o bem era a sua própria recompensa. Era evidente nos seus olhos e no sorriso que esbanjava para si mesmo.

Que nossos corações e nossas atitudes sejam como a caixa, o cobertor e o forno do meu avô. E que possamos fazer o bem sem esperar nada de ninguém, na certeza de que ver o outro se levantar diante de uma dificuldade é um dos mais sublimes experiências que podemos ter na vida.

Saudades de ti, Afonso Fonseca, meu adorável e inesquecível avô. Obrigado por ter me ensinado tantas e tantas vezes o que verdadeiramente vale a pena na vida.

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Vão

Algumas de nossas coisas

Só nos fazem falta

Quando já não são mais nossas coisas.

Que fim levaram?

Para onde vão?

Agora, que já se foram,

Só restou o vão.

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P.S. 10

Se você não sabe ou não reconhece o valor e o significado do que tem em mãos, também não sabe se o lugar adequado para essa “coisa” é o cofre ou a lixeira.

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Desobvializando

Não espere de mim o óbvio.

O óbvio está em todos,

Em todas as esquinas,

E eu não quero ser só mais um

Para deixar claro:

Se for para ser mais um,

Não faço questão de ser nada,

Porque sei e não abro mão do que sou.

Ando cansado desses jogos,

Dessas coisas babacas do “amor”.

Perde-se tempo em disputas inúteis,

Onde nunca há vencedores.

O amor é para ser sentido,

E não para ser raciocinado,

Mendigado ou exigido.

Se todos os passos são calculados,

E nunca há risco de se pisar em falso,

Não é amor, porque amor é risco

E amar coisa de gente corajosa.

Amor é liberdade,

É asas, é sonhos,

Não tem nada de óbvio.

E por isso eu amo.

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Valorize-se!

Valorize-se e reconheça quem te valoriza. Essa é uma regra sem exceção.

Não importa se você é preto ou branco, gordo ou magro, alto ou baixo, rico ou pobre. Você é único. Você sabe fazer coisas que só você sabe. Aliás, você é o ÚNICO no mundo que é você.

Valorize-se! Dinheiro nenhum no mundo é capaz de fazer alguém igual a você. E sim, sua presença é importante para muitas pessoas. Prefira estar sempre rodeado delas, principalmente daquelas que sentem como se o tempo parasse quando você está por perto.

Valorize-se! Peça desculpas quando tiver que pedir. Aceite um pedido sincero de desculpas. Sinta o que tiver que sentir (medo, dor, angústia, alegria, felicidade, prazer), lembrando sempre de respeitar o espaço do outro. Quem se valoriza, valoriza o outro também, pois sabe que este também é único. E não tenha medo, NUNCA, de expressar seus sentimentos. Quem se valoriza sabe que seus sentimentos devem ser valorizados.

Valorize-se! Seja empático. Espere empatia. Seja gentil. Espere gentileza. Seja altruísta. Espere altruísmo. Seja generoso. Espere generosidade. Tenha compaixão. Espere piedade. Distribua sorrisos. Espere felicidade. Faça-se especial. Espere, quando estiver distante, que sintam saudade.

Valorize-se! Reconheça que você não é perfeito, e entenda que seus companheiros de jornada também não são. Aceite-os, ajude-os, compreenda-os. Não julgue. Observe. Aprenda. Se torne melhor. Na pior das hipóteses, valorize-se ainda que você seja ou se ache um diamante bruto, que precisa ser devidamente lapidado. Quem se valoriza de verdade, está sempre pronto a aprender a como ser melhor do que já é.

Valorize-se! Porque se você não fizer isso, ninguém vai fazê-lo por você. Liberte-se do medo de se valorizar, e viva uma vida plena, para deixar um rastro de autenticidade e saudade quando você se for desse mundo.

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