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Qualquer lugar

Vou sair um pouco.

Vou até um lugar diferente.

Sei lá…

Qualquer lugar,

Onde o simples fato de eu lá estar,

Não me faça lembrar da gente.

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Não obstante

No teu último pensamento
Nas costuras da fronha do teu travesseiro
Nas dobras do lençol que não rimam com teu corpo
Nas pernas que se movem sem saber para onde ir
É aí que estou.

Porque o dia pode passar sem mim
As risadas podem disfarçar a minha ausência
O trabalho pode abafar as nossas indecências
A música alta pode abafar os gritos da tua alma
Mas é aí que estou.

E não estou aí porque pedi
Não estou aí porque quero
Estou porque me queres
Porque tuas lembranças te inundam
E deixam marcas indeléveis nas tuas coxas.

Estou aí.

No mosaico de pensamentos conflitantes
Na busca interminável e arfante
Por uma droga que possa aplacar
O fogo que dança no meio do teu peito
E que se renova em tuas fugas incessantes.

Estou aí
Continuo aí
Nos teus gozos
Nas tuas cicatrizes
Não obstante.

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Muito eu vi(vi)

Eu vi a birra da criança

Eu vi a alegria dos bate-bate

Eu vi os escorregadores e os balanços

Eu vi os cachorros rolando na grama

Eu vi o senhor e seus passarinhos

Eu vi as flores e as cutias

Eu vi o casal se beijando ardentemente

Eu vi o pipoqueiro e seu carrinho

Eu vi o coreto e a igreja matriz

Eu vi o moço que vendia balas e balões

Eu vi o lago e os peixinhos.

E ali, bem ali

Bem no meio daquele campo

Eu revivi a minha infância

Cheio de saudades de quem deste mundo

Já se foi sem mim.

Campo de São Bento – Niterói/RJ
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A culpa não era das panelas

Comprei panelas novas,

Porque as panelas da minha falecida avó

Já pareciam muito velhas.

Eu culpava as panelas velhas

Por não conseguir fazer as receitas da minha avó,

Que tinha ido embora bem velha.

Não consegui.

As panelas novas de nada adiantaram.

E foi então que eu percebi

Que nunca foram as panelas:

Nem as novas e muito menos as velhas.

Minha avó conseguiria fazer com as novas

O que ela consegui fazer tantas vezes –

Infinitas vezes! –

Nas panelas velhas.

E então eu chorei.

Choro de neto.

Quero de volta as coisas velhas:

Minha avó e suas panelas.

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Deserto de sal

Admito que não foi fácil.

Havia tantas histórias,
Tantas memórias,
E tudo o que eu mais tentava esquecer
Era justamente tudo que me fazia lembrar.

Aprendi que tentar esquecer
É o mesmo que reconhecer
Que algo é inesquecível.

Desisti.

Vez ou outra,
As lembranças ainda me chegam
Feito ondas do mar,
Que me molham da cabeça aos pés.
Vejo-me em mergulhos profundos no que já fui,
Mas que a vida disse para eu não mais ser.

Talvez um dia o mar seque.
Talvez um dia tudo seque.
Já lamentei tudo isso,
Mas talvez tenha que ser assim:
Um deserto de sal,
Com toneladas e toneladas de sal despejadas
Por mãos que nunca pertenceram a mim.

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Feliz demais

Há dias a minha frente
Há dias fantásticos as minhas costas
E no hoje, no amanhã e no ontem
Há invariavelmente você.

Ainda não consigo acreditar nas pessoas
Os “eu gosto de você” e até mesmo os “eu te amo”
Me assustam de uma forma que não sei explicar
Eu tenho medo, muito, muito medo.

Tenho preferido ficar só
Porque sozinho só há eu mesmo para me ferir
Nenhuma esperança, nenhuma expectativa
Vazios enormes que não pretendo preencher.

Passei a acreditar que só se vive um grande amor
Um único, um eterno amor que ama amar
Que ama tudo que com este amor veio
E que não sabe para onde ir quando este amor se vai.

Amo ver casais se amando no restaurantes e bares
Ou em uma simples caminhada na praia
Porque eu já senti, me pareci e vivi como eles
Hoje, não mais, não mais. Infelizmente.

Talvez eu me torne um conselheiro amoroso
Para que outros vivam o que eu já vivi
Foi tudo, a melhor parte da minha vida
E por isso agradeço a Deus todos os dias.

Neste sentido, minha vida faz todo o sentido
Porque sou testemunha do que o amor pode causar
Saudade profunda da mais simples rotina
Até da chama que queimava dentro de meu peito.

Talvez hoje eu não durma só (não é uma afirmação)
Mas eu sei que continuo sozinho
Eu te vejo e te sinto em outras bocas e outros corpos
E tenho nojo de mim quando me flagro fazendo isso.

Este texto é despretensioso, porém sincero
Para falar de mim e não mais de nós
Amo as lembrancas que de você eu tenho
Eu já fui feliz, muito, muito, muito, muito feliz, feliz demais.

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A verdade cura

A verdade é um remédio difícil de engolir, mas é um remédio necessário.

Parecia-me óbvio que a verdade seria capaz de alterar o meu futuro, mas acabei me dando conta de que a verdade também é capaz de alterar o meu passado. Minhas lembranças e minhas recordações mudaram na medida em que a verdade me visitou. Detalhe: ela veio de mala e cuia.

Revi cenas. Revivi momentos. E fui do amor ao ódio, e depois do ódio ao nada. Absolutamente nada. Nada. Nenhum receio ou porém.

Mas ainda assim, tudo que vivi permanece bom e útil de alguma forma. Aquele perfume continua sendo bom. O tesão, a paixão e a putaria também. Idem para os assuntos, os papos, as ideias, os planos, as comidas, as bebidas, as músicas e os dias. Viver o presente sem nada por entender, resolver ou esquecer é uma desintoxicante profilaxia.

A vida é boa. Vida que segue e está tudo bem. Que eu encontre por aí muitas outras doses desse remédio. Já não temo mais nada. Absolutamente nada. Nada. Nenhum receio ou porém.

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Vitrola

Deixa aquela música tocar

Ressonar

Reverberar

 

Deixa os sons

As frequências

As vibrações

As lembranças

As sensações

Deixa…

Nada disso vai parar

 

Aquela música vai tocar

Para sempre

Na vitrola da mente

E esta nunca há de quebrar.

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Diga adeus aos seus sonhos…

…e transforme-os em realidade!

Lembra daqueles sonhos? Sim! Esses mesmos que você guarda aí dentro faz um tempão…

O que você fez ontem para transformar os seu sonhos em realidade? O que fará hoje? E amanhã?

Não fique apenas nos sonhos! Faça acontecer. Lute para que sua vida não seja apenas um conjunto de lembranças do que poderia ter sido. Até porque não serão só lembranças… Serão lembranças permeadas de amargura.

O dia é hoje! Não perca mais tempo! Siga seus sonhos! E que os problemas do dia-a-dia, do cotidiano, não sirvam como desculpa para que você não viva sua vida em toda sua plenitude.

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Tempo

Relativo

Constrito

Infinito

Eterno

 

Tempo

O senhor de todos

Os momentos

Razão das lembranças

E dos esquecimentos

 

Acreditando ou não

Ainda há tempo

 

Pois que fique claro

Que aguardo ansioso –

Confesso! –

Não sou brisa leve

Sou retumbante vento.

o-tempo-deixa-perguntas